Simpósio mostra o que Machado de Assis tem a dizer 180 anos depois
Às vésperas do 180º aniversário de Machado de Assis, a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP realiza o Simpósio Machado de Assis, 180 anos – Trabalhos em Andamento, Autor em Construção, nos dias 17, 18 e 19 de junho, das 9h às 17h. O encontro é gratuito, mas é preciso fazer inscrição prévia, por conta das vagas limitadas. O evento contará com 11 sessões de debates nos seus três dias.
Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP possui edições raras de Machado de Assis – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Os temas variam sobre questões como a figura do autor, nuances de obras específicas e sonoridade. Os palestrantes são professores, pós-doutorandos, doutorandos e mestrandos de três departamentos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP
A organização do evento é dos professores Hélio de Seixas Guimarães e João Roberto Faria, ambos do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da FFLCH, e pesquisadores associados da BBM. Guimarães já organizou outros eventos relacionados ao escritor. Ano passado foram expostas edições raras de periódicos e de algumas obras. Na ocasião, Guimarães disse que Machado “é um escritor que, com a passagem do tempo, parece se tornar cada vez mais vivo”.
Ele ainda continua concordando com a ideia. “É um autor que nunca deixa de ser contemporâneo. Sempre foi lido de diversas maneiras e teve várias reações ao seu texto. Por exemplo, em sua época, poderia ser muito pouco ligado à realidade. Mas, 180 anos depois, nós o vemos como alguém muito crítico à realidade brasileira.”
Segundo Guimarães, a promoção do simpósio conta com uma variação de temas que corresponde à figura e aos trabalhos de Machado de Assis. “Temos um cardápio variado. São professores e alunos que pesquisam sobre o Machado de diferentes gerações. É uma reunião variada, mostrando as diferentes possibilidades de leitura do escritor.”
O título do evento sugere uma imagem do autor que sempre está sendo construída. Recentemente a Faculdade Zumbi do Palmares e a Agência Grey Brasil lançaram o projeto Machado de Assis Real. A clássica foto de perfil do escritor foi redefinida e mostrou como Machado realmente foi e é: negro. “O racismo o retratou como branco. É hora de reparar essa injustiça”, diz o texto da campanha. Para o coordenador do simpósio na USP, “esse momento em que ele é reivindicado como negro mostra como Machado vai se projetando ao longo do tempo”, reafirmando sua contemporaneidade.
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